Imagem do filme "Juno", em que uma adolescente de 16 anos engravida
Ultimamente tenho tido vários insights sobre a vida com meu filho, e acredito que até pouco tempo atrás via minha vida após sua chegada como um pedaço de tempo sem tempo pra mim ou pra me dedicar às coisas que eu realmente queria fazer ou ter feito antes de ter que me responsabilizar por alguém. Sim, eu fui mãe aos vinte e poucos anos, e não estava preparada. Nem financeira ou psicologicamente. Mas, eu queria ter um filho um dia, só não imaginava o quanto isso seria complicado de levar na realidade. Não planejei a gravidez, mas não me previni o suficiente. Acho que isso foi, nas palavras do querido Maurício Pereira, "mergulhar na surpresa". A vida pra mim tem que ter um quê de "o que será que vai acontecer amanhã?"... Sou dessas! Nem preciso explicar que não agendei cesárea nenhuma! Qual seria a graça de perder a emoção de entrar numa ambulância e sair em disparada para a maternidade?
Enfim, eu entendo hoje que me doei ao Acaso, esse com letra maiúscula, personificação desse evento não planejado e carregado de surpresa. Deixo avisado que sou a favor do direito da mulher a abortar, e antes de engravidar imaginava que seria coisa simples, apenas uma opção a se fazer. Porém, nosso país é contra, por vários motivos, religiosos, alguns dizem, e civis, outros alegam. Mas, a questão é que hoje eu não sei se teria feito essa escolha à época caso fosse facultado a mim. Surgiram vários medos, somados à realidade de que eu era estudante universitária ainda, sem renda nem imóvel próprio, e assim a ideia de desistir, suspender, abortar a missão, era a única saída. Mas, não houve saída senão levar adiante a gravidez. Toda família ajudou, interferiu, após a notícia, mas o corpo que cresceu, mudou, expandiu e depois voltou ao seu estado anterior foi o meu. Perdi contato com amigas da faculdade, perdi o contato comigo mesma. O pai dele e eu continuamos juntos, mas, começaram as desilusões amorosas próprias de qualquer relacionamento que se aprofunde um pouco, quanto mais com um filho! Acho que toda essa tensão não me deixou curtir a chegada do meu filho. Mas, ele chegou assim mesmo! E hoje cá estamos, ele já pelo sétimo ano de vida e eu já trintei, e tentando tocar este blog e minha carreira.
Tudo o que se passou, resumido aqui em dois parágrafos, deixaram rastros na minha vida, e na dele também. Hoje me sinto mais realizada, pessoalmente, pois consegui um trabalho estável e concluí uns tratamentos de saúde que queria tanto realizar há tanto tempo: cirurgia ortognática e tratamento ortodôntico. Quando estamos bem, somos capazes de cuidar melhor dos outros, então, vale a pena buscar se cuidar enquanto mulher para se sentir feliz consigo mesma, porque isso reflete na forma da nossa maternagem.
Não quero parecer defensora da "vida" como dizem várias pessoas na sociedade que desconhecem as sérias consequências do que é ter um filho sem desejar ou sem poder. Apenas trago para a perspectiva individual de uma jovem mulher como pode ser a vida quando deixamos de escolher ou escolhemos não escolher ou quando também não podemos escolher. Acredito que tenho feito o melhor que posso, e desde que ele apareceu na minha vida, eu sempre busquei melhorar por ele, e me tornei uma pessoa mais responsável. Concluí a faculdade sim, ter o filho não me impediu de conseguir. Isso tudo acredito ter me tornado mais forte, e digo, "se isso não é amor, o que mais pode ser? estou aprendendo também" (Jota Quest).
Um grande abraço a tod@s, boas coisas com seus pequenos e pequenas! <3
Um grande abraço a tod@s, boas coisas com seus pequenos e pequenas! <3